A decisão
Reginaldo observava um jovem rapaz morador de uma favela passar com um violão nas costas, Até que um dia resolveu conversar com o garoto.
- Ei, você toca violão? - perguntou Sodré.
- Toco sim - respondeu José Fernandes*.
Imediatamente Zé sentou, apoiou o violão na perna e começou a tocar.
Sodré ficou impressionado com o dom artístico do rapaz e com a facilidade com que ele tocava o instrumento.
Vamos recordar: José Fernandes faleceu em 2008, aos 56 anos. Ele foi guitarrista e compositor de várias músicas gravadas por Amado. Em 1982, Amado em parceria com Reginaldo Sodré compôs a música Amigo José, e no mesmo ano em que seu amigo faleceu, ele gravou a canção em sua homenagem no álbum Acústico Amado Batista.
Tornaram-se amigos e Reginaldo apresentou Zé para Amado. Pronto! O trio estava formado e a carreira de Amado, a caminho da consolidação.
José surpreendeu Amado, que logo chamou o jovem para ser seu guitarrista. Zé aceitou na hora. Queria viver de música.
Já na banda, Zé se aventurou com Amado e, em um carro emprestado, os dois foram cumprir a agenda de shows.
Com um fusca rebaixado, ano 79, nas mãos, tocaram para Barra do Garças, no Mato Grosso.
Para chegar ao local do show era preciso passar por uma estrada cheia de buracos. De repente, eles escutaram um barulho, "poft", o Fusca havia passado em cima de uma pedra. Lá se foi o cárter. O recipiente metálico, que fica na parte de baixo co carro e protege e assegura a lubrificação de alguns mecanismos, furou O óleo começou a vazar e o motor fundiu.
Era só o que faltava! Lá estavam eles, parados numa estrada deserta. Olharam para um lado, olharam para o outro e nem sinal de vivalma. O único jeito era empurrar o carro até a cidade. Sorte a deles que estavam perto de Barra dos Garças. Chegando à oficina foi diagnosticado perda total, o Fusca precisava ter o motor refeito. Lá se foi parte do dinheiro do cachê. Fazer o quê?! Deixaram o veículo na oficina e foram correndo para o local do show.
A apresentação foi um sucesso, mas, enquanto o público aplaudia de pé, eles estavam preocupados com o carro. Amado se despediu da plateia e, com o Zé foi correndo buscar o Fusca. Na oficina, teve uma grande surpresa: o valor cobrado para fazer o motor era exatamente o que ele havia ganhado com cachê. Ficou novamente no vermelho.
O azar o perseguia. Ele? não se deixava abater. Tinha certeza de que as coisas iam melhorar.
Inconformado com a situação, Amado pegou o carro e foi embora com Fernandes. A fase não era das melhores e, no caminho de volta para Goiânia, ouviram outro barulho,"poft". Ele havia passado em cima de outra pedra e furado o cárter novinho.
- Saí com o carro na estrada, peguei outra pedra e o cárter novinho furou. Fundi o motor novo - lembra Amado, às gargalhadas.
Outra vez ficaram parados na estrada, só que agora não estavam nem perto do destino. Novamente olharam para um lado, olharam para o outro e nada. Passado um tempo, um caminhoneiro os avistou. Parou e ajudou os dois jovens colocarem o Fusca em cima do caminhão e foram até Goiânia de carona.
Chegando à cidade, lá foi Amado levar o carro mais uma vez para a oficina.
- Quando cheguei à oficina, mandei trocar o motor. Pedi logo para colocar um motor acondicionado disse Amado.
Em breve mais postagens sobre essa história.