Amado Batista o Cantador de Histórias
Parceria de Sucesso ( Continuação 2 )
Quando Sodré chegou à RC7 - nessa época, os funcionários da loja eram, na maioria, primos e sobrinhos de Amado - foi recebido por uma jovem bonita, bem-vestida e de aproximadamente 16 anos. Era Nilda, sobrinha do cantor. O compositor já ficou todo vergonhado. Tinha vindo da roça, era humilde e seu vestuário não condizia com as roupas da cidade.
- Fala, moço, o que você quer? - disse Nilda com rispidez.
- Eu queria falar com o Amado Batista - disse Reginaldo todo tímido.
- Tiiiiiio - gritou ela - tem um home aqui... tem um menino aqui quer falar com você.
De repente, um rapaz que ostentava uma barba ruiva desceu as escadarias do sobrado vagarosamente.
- Pois não - disse Amado.
- Eu sou o rapaz da fita, Reginaldo Sodré.
- Ah! Sobe aqui, vamos conversar.
Sodré subiu acanhado. Já acomodados, Amado disse:
- Rapaz, você tem futuro, hein, bicho! Bicho, você é bom!
- É mesmo? - perguntou Sodré com empolgação.
A vergonha passou assim que começaram a falar sobre música. Na televisão passava um jogo de futebol, na cozinha pessoas conversavam, mas eles estavam tão à vontade que se desligaram do mundo. Em uma espécia de mediunidade, compuseram em cinco minutos a música "Disparado pelo mundo" . Naquele momento, uma amizade começou a nascer. Eles não sabiam, mais Sodré iria tornar-se parceiro de composições e braço direito de Amado.
Quando soube que seu novo amigo estava desempregado, Amado, dono de um coração de ouro, prontamente o convidou para trabalhar em sua loja. Imediatamente Reginaldo aceitou. Estava realizando um de seus sonhos: trabalhar com discos.
Como vendedor, Reginaldo era um ótimo compositor. Sempre ficava em último lugar na competição de funcionário do mês.
Amado agora tinha dois amigos influentes, Sodré e Oscar Martins.
Nas poucas vezes que Amado ia para a capital paulista, era recebido de braços abertos por Oscar, que o acolhia em sua casa.
Amado já fazia parte da família e foi e uma dessas estadas em São Paulo que o cantor mostrou algumas de suas músicas compostas por ele e Reginaldo para Isis, filha do dono da gravadora Chororó. Ela gostou tanto que resolveu ajuda-lo a gravar um novo disco.
- Pai, grava mais um disco com o Amado - disse Isis - as músicas são muito boas.
Oscar não se opôs e logo o cantor escolheu as músicas "Desisto" , que virou parceria com Sodré
- Amado readaptou alguns trechos e a melodia para seu estilo musical - e "Tarde Solitária", composta por Reginaldo Sodré. Amado tinha pressa.
- Possivelmente se a Isis não tivesse falado e o Amado não tivesse demonstrado tanto entusiasmo, talvez nunca mais gravássemos um disco de vinil - comentou Oscar.
Amado entrou novamente em estúdio. Gravaria agora um compacto simples, com duas músicas apenas, uma de cada lado do vinil e sem foto no encarte.
- Não foi proposital não ter foto na capa do disco, mas é que o compacto simples não tinha mesmo - afirmou Amado.
Todas as coisas são assim, o sucesso de Amado estava marcado e não seria eu quem iria interromper o início de sua carreia - completou Oscar Martins.
Então, em 1976, um ano depois de seu fracasso, Amado gravou um novo vinil, um compacto simples.
Este teria repercussão diferente.
Naquela época, paralelamente com a gravadora Chororó, Oscar, dono de uma voz grave e poderosa trabalhava na Rádio nacional, comandando o programa Show do Oscar Martins, transmitido para todo o Brasil.
Foi então que o locutor começou a divulgar o disco de Amado Batista.
Em breve mais postagens sobre essa história.